O caso do paulistano Akin Abaz, de 26 anos, é típico do empreendedor que faz de uma dor pessoal uma oportunidade de negócios. Morador da periferia da Grande São Paulo, Abaz saiu da escola com poucos conhecimentos em informática, uma habilidade pedida por dez em dez empregadores.
Ao mesmo tempo, ele via a proliferação de tecnologias como tablets e smartphones chegar de um jeito bem enviesado entre amigos e familiares. “Pouca gente tinha acesso a esses aparelhos. E, quem tinha, mal sabia usá-los”, diz Abaz. Daí surgiu a ideia da InfoPreta, um negócio de impacto social dedicado a democratizar, de fato, o acesso à tecnologia em comunidades carentes.
Um dos negócios de Abaz é pleitear a doação de computadores perto do fim da vida útil de grandes empresas, como o aplicativo de mobilidade Uber, para treinamento em informática de grupos pouco representados no mercado de tecnologia, a exemplo de negros e mulheres.
Em paralelo, a mão de obra formada nos cursos da InfoPreta prestam serviço de manutenção de equipamentos de informática – e, assim, geram receitas para o negócio e movimentam a economia de comunidades carentes. Entre os clientes estão o Sesc de São Paulo.
O avanço da agenda ESG deve estimular a discussão sobre diversidade em áreas ainda com presença incipiente de minorias, como é o caso da tecnologia – abrindo, assim, espaço para negócios como a Infopreta.
Criada em 2012 na própria casa de Abaz, em Osasco, na Grande São Paulo, o negócio hoje emprega 30 pessoas e ocupa três andares de um prédio comercial na zona oeste da capital paulista.
O período coincidiu com uma transição importante na vida de Abaz, que viveu até recentemente como mulher e hoje é um homem trans. “Senti na pele as barreiras para a inserção no mundo da tecnologia e estou aqui para quebrá-las”, diz.